
Estou agora a ler o "Alves e C.ª" do Eça (romance que retrata a vida quotidiana da burguesia lisboeta) e deparei-me, logo no primeiro capitulo, com um excerto, que bem podia retratar a realidade actual: "Godofredo parou, verificou o seu próprio relógio, preso por uma corrente de cabelo sobre o colete branco, e não conteve um gesto de irritação vendo a sua manhã assim perdida pelas repartições do ministério da marinha. Era sempre assim, quando seu negocio de comissões para o ultramar o levava lá. Apesar de ter um primo director-geral, de escorregar de vez em quando uma placa de cinco tostões nos contínuos , de ter descontado letras de favor a dois segundos oficiais, eram sempre as mesmas esperas dormentes pelo ministro, um folhear eterno de papelada, hesitações, demoras, todo um conjunto de trabalho irregular, rangente e desconjuntado de velha máquina meio desaparafusada."
Era assim o Portugal "liberal" do século XIX: atrasado, burocrático e dificultador da livre iniciativa. Ou seja muito parecido com o do século XXI.
2 comentários:
Talvez queiras emendar para "século XXI".
Yep. My mistake
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