terça-feira, 7 de julho de 2009

A Burqa e a tolerância, por João César das Neves

Mais irónico é este debate realizar-se à volta de uma questão de vestuário, precisamente o tema onde a liberdade de costumes se começou a expressar na contemporânea. Há cem anos não passava pela cabeça de ninguém que um homem sério saísse à rua sem chapéu e bengala ou que as damas mostrassem o tornozelo. Fardas e uniformes eram omnipresentes em todas as classes. Os filhos dessa geração afirmaram a sua autonomia precisamente pela sua aparência exterior. Cabelos compridos, roupa desalinhada, calças de ganga, minissaias pareceram como combates importantes no caminho da liberdade. Agora os franceses, ao proibirem a burka, pensam estar no mesmo combate. Mas as batalhas antigas eram contra as proibições, não pela imposição de novas proibições.

O problema é mais vasto do que parece. Como Sarkozy com a burka, o Parlamento Europeu e o Governo português estão empenhados há anos em limitar a vida a fumadores, automobilistas, pais e cidadãos com as melhores intenções. Esquecem que todas as ditaduras, mesmo ferozes, sempre se justificaram com o bem dos cidadãos. Salazar, Franco, Mugabe, Chávez e até Hitler, Estaline, Mao e Pol Pot sempre disseram estar empenhados numa sociedade melhor. O mal deles não era cinismo e hipocrisia, nem estava tanto nas finalidades, mas na arrogância e tacanhez que o seu caminho implicava. As tais sociedades ideais nunca apareceram. Só ficou o sacrifício da liberdade.



Curiosamente (ou não) estou em total consonância com JCN no que à "questão" da burqa diz respeito. É precisamente no respeito pela "liberdade" que reside o problema e é pela sua defesa (em todas as ciscunstâncias) que nos devemos bater. Mesmo quando tal defesa nos leva a defender algo que para nós, pessoalmente, seria um absurdo - como é o uso da burqa. Pena é que, noutras questões, JCN não se mostre tão tolerante e defensor da liberdade. Mas este já é um começo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ainda sobre o "caso Pinho"

Alberto João Jardim, com a sua proverbial capacidade de análise, resumiu assim o episódio dos "corninhos" no Parlamento:

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Assim vai o Estado da Nação



O PM em histeria. O Ministro Pinho a fazer "corninhos"... tristes imagens do desGoverno a que chegámos.



Nota: Excelente o discurso de Paulo Rangel, mas muito na "linha CDS" (economia, agricultura, educação).

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A burqa e os complexos ocidentais




Em França reacendeu-se a polémica da burqa com o Presidente Sarkozy a dizer que o seu uso não é "bem vindo em França". Sustenta o presidente francês, e os apoiantes da ideia de restringir o uso da burqa, que esta põe em causa os princípios da igualdade e da liberdade e é sinónimo da inferiorização da mulher, pondo em causa a sua dignidade.

Compreendo, em parte, as razões de Sarkozy e reconheço que o fenómeno da "expansão" do uso da burqa, a que assistimos um pouco por toda a Europa, é algo quase chocante para um ocidental. Mas a verdade é que, desde que seja uma escolha livre de quem a usa, a burqa é ela própria uma manifestação da liberdade religiosa e de pensamento.

Por esse motivo, entendo que a mulher islâmica, vivendo ou não em França, deve ter a liberdade de conformar o seu comportamento a todos os preceitos religiosos que não constituam um impedimento para a vida em sociedade nem se consubstanciem na prática de um crime. Ora, o uso da burqa não atenta contra qualquer valor social digno de protecção jurídica, nem é um crime. Deste modo, não há motivo para um Estado, ainda que laico, discutir sobre a sua admissibilidade. Porque, se acharmos que França pode, hoje, proibir o uso da burqa teremos que, amanhã, concordar com qualquer Estado que entenda proibir o uso de qualquer símbolo religioso incorporado no vestuário (ou simplesmente proibir uma qualquer particular forma de vestir), o que não me parece razoável.

Mais importante, parece-me, seria os Estados não perderem o seu tempo com o uso da burqa e preocuparem-se com outros direitos das mulheres islâmicas, esses sim muitas vezes postos em causa por preceitos religiosos, como seja o seu direito à educação, ao acesso à cultura ou à auto-determinação sexual.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Guia de Arquitectura Porto e Norte...2.0

A primeira edição deste guia/roteiro arquitectónico chega ao fim. Em breve será publicado outro de outras zonas do Pais. Pretende ser conciso e revelar alguns exemplares do que melhor se faz e fez na arquitectura Portuguesa a partir do inicio de século.

Por fim não podia deixar de publicar algumas referências dos fins do século XX e inicio do século XXI. Sóla-Morales numa intervenção muito atlântica constrói um grande passeio pedonal que se estende da foz(molhe) a Matosinhos, marcando o fim do percurso com um edifício apelidado de transparente,edifício este que foi requalificado por Carlos Prata. Toda a intervenção privilegia os materiais duráveis e resistentes como os aços e os betões assim como revestimentos em pastilha e azulejo. A vegetação é mantida e introduzidas novas plantações nalguns locais privilegiando plantas de clima marítimo. Alguns erros são cometidos como o grande parque de estacionamento à espera de carros e o antigo edifício transparente que não funcionou como era inicialmente previsto(grande bancada sobre o mar). O mobiliário urbano muito criticado(cadeiras individuais que se agrupam em pequenos grupos) não deixa de ter a sua piada e introduz uma nova maneira de contemplar o oceano.
Koolhas constrói um equipamento estruturante para toda a cidade do Porto. Um ícone do século XXI, edifício que vai marcar a cidade. Isto é conseguido pela audácia da sua forma estranha e do seu desenho de pormenor. Como uma grande pedra no charco na vangloriada escola do Porto. Koolhas cria um novo ambiente urbano em volta do objecto(espaço de deambulação e prática de desportos como o skate) assim como transporta a cidade a um nível cosmopolita nos eventos que ai são praticados. Todo o interior se assemelha a uma grande nave espacial à espera de todo o género de musicas. Chapas metálicas, betão aparente, escadas rolantes, luzes fluorescentes que mudam de cor transportam-nos para estes ambientes futuristas.
Souto de Moura constroi uma torre na avenida da Boavista. Uma torre em que as peles que revestem todo o edifício fazem dele um gigante objecto rectangular minimalista que se pode assemelhar a uma escultura de Judd. A torre Burgo cria uma praça de enquadramento onde sobressai uma escultura de Ângelo muito ao gosto das praças Nova Iorquinas.


63 - Torre Burgo -Porto / Burgo Tower / E. Souto de Moura 1991-2006

62 - Casa da Musica- Porto / music hall / OMA – Rem koolhas 1999


61 - Passeio atlântico- Matosinhos / atlantic sideways and gardens / Sóla Morales 1999-2002

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domingo, 14 de junho de 2009

A man for all seasons




Não é novidade para ninguém que sou "Portista" por convicção e com paixão. Às vezes até posso ter algumas dúvidas relativamente às opções ou caminhos, posso pôr em causa algumas escolhas ou questionar o método, mas a verdade é que impossível não reconhecer a Paulo Portas a inteligência, a argúcia, a capacidade (ou instinto) política e a entrega à "causa" que é fazer crescer (e renovar) o CDS. Paulo Portas reinventa-se, permanecendo fiel à matriz essencial, e por isso é o líder que acompanha os tempos e que será capaz de voltar a surpreender, nas legislativas, quem vaticina a morte do CDS.

Feita a declaração de interesses, sendo fã assumida e já “vacinada” com as performances do líder (porque já estamos habituados à excelência) não é possível deixar de fazer referência à entrevista desta semana na Única. Não é o lado humano do político, não é, tão pouco, por ser num registo “quase intimista” mas não invasivo a que estamos pouco habituados na política à portuguesa. O que realmente nos interpela é a forma genuína e convicta com que Portas vai respondendo às perguntas, mais pessoais ou mais políticas, sem se pretender esconder e sem usar rodeios. Apenas se esquiva a responder quando lhe perguntam se é um homem bonito! De tudo o resto, fala com a naturalidade das pessoas normais, que sabem do que gostam, o que querem e vivem bem com as suas escolhas. Não há nesta entrevista qualquer traço de arrogância intelectual, de intolerância ou qualquer apelo ao sentimentalismo bacoco das entrevistas género “a vida privada de…”. E depois há a questão da honestidade, que faz tanta falta na política. Portas não vai atrás do politicamente correcto e, por isso mesmo, não deixa de dar conta da sua ambição – voltar ao governo e, até, liderá-lo - e de mostrar o motivo pelo qual a tem: não só é capaz, como já deu provas. Mais linear que isto seria impossível. Sem retóricas ou palavras caras, que animam uma certa esquerda caviar. Com Paulo Portas tudo adquire uma simplicidade absoluta (própria da verdade), como deve ser, em política.

Mas mais do que elogiar a entrevista, convém é que a leiam. Vale a pena!




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terça-feira, 9 de junho de 2009

Continuamos a ser bem geridos...

Tendo em conta o que vem aqui escrito, o estado desperdiçou quase tanto, quanto investiu na ajuda à crise... Se a isto juntarmos os 2, 5 mil milhões de euros que gastou no BPN, o despedicio quase que triplica! Mas para isso está cá o Zé, que paga estas "brincadeiras"! Só não quero imaginar, quanto deste desperdicio não são desvios para as contas dos meninos...

Apesar de ser o Tribunal de Contas a vir revelar este resultado, não apresenta quaisquer consequências para os responsáveis desta ingerência, responsáveis esses que até são conhecidos.
MAS QUE RAIO DE TRIBUNAL É ESTE? Ai se fosse o Zé...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

1969 vs 2009...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Pertinente....




quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ateísmo militante

Ana Margarida Craveiro no delito de opinião:
Ontem dei por mim a pensar que certa espécie de ateísmo, muito na moda em alguns blogues, é como que uma inversão do born again christianism. O zelo é o mesmo: um espírito missionário, imbuídos que eles estão da verdade, e da missão que têm para o mundo. Uns chatos, a bem dizer, que não nos largam a campainha: "já sabe que não há deus? Já sabe que isso são mitos e histórias para criancinhas? Tenho aqui uma série de livros que lhe mostrar o caminho."



E nós bocejamos, enquanto tentamos fechar a porta. Que gente mais chata.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A mulher de César




Não é preciso dizer muito mais. Está aqui tudo.

Tou a considerar votar no BE...

Quando parece que a malta toda alinha pelo politicamente correcto, de ser contra as touradas, não é que a "luz" vem do sitio mais improvável?
DANIEL VAI EM FRENTE TENS AQUI A TUA GENTE!!!

Medina Carreira



Acabei de vir do clube dos pensadores, aonde assisti á conferencia de Medina Carreira. Este é um pouco como Cassandra: numa sociedade embebedada pelo dinheiro fácil do sobre-endividamento, ele parece ser o único que nos avisa do abismo para onde corremos.

Num país anglo-saxónico, germânico, a sua linguagem "no nonsense", e baseada em factos puros e duros, já teria feito cair governos, regime e faria a sociedade dar uma volta de 180º. Em Portugal, a sua mensagem será sempre ignorada, porque: em primeiro lugar a forma é preferida ao conteúdo. Em segundo porque, a cultura portuguesa, como qualquer cultura católica é assente em dogmas. E não se pode por em causa, como é obvio, o dogma do estado social, sorvedor-mor do dinheirinho da nação e não só.

Entretanto a malta vai cantando e rindo, e só acordará da bebedeira quando tiver o cavalo de Tróia dentro das muralhas da cidade. Aí será tarde de mais (pelo menos para este regime)!! Até lá os nossos grandes lideres limitam-se a fazer o que fizeram até agora: despejar dinheiro nos problemas, dinheiro obtido claro, á custa de endividamento.

sábado, 9 de maio de 2009

Bancos assaltam clientes.

PMF nos Blasfémias:

Depois de ter visto, nos telejornais da noite, os últimos desenvolvimentos do caso BPP (e BPN, e.., e….) , retive uma frase, passada na reportagem do telejornal da SIC: “Os clientes têm o direito de não serem assaltados pelos bancos”

Nota: a sensação de que certos agentes/operadores da banca e da finança não diferiam muito de vendedores de ar e vento, com uma revista de negócios na mão e um jargão pseudo-técnico em inglês e sempre na ponta da língua, não tem nada a ver com os personagens do caso BPP. … Melhor, não tem a ver apenas com eles.

A sensação já vinha de trás, sobretudo quando ocasionalmente éramos confrontados com certas circunstâncias e pormenores da respectiva actuação, sempre embalada num pseuso-cientificismo desses agentes (os MBA’s eram apenas as “cerejas em cima dos bolos” e os bolos eram os cartões de visita dos jovens empregados – consultores, analistas, assessores ou gerentes - todos eles aspirantes a banqueiros ou financeiros).

Era uma plêiade de bancos e de banquinhos, de serviços de ”private”, de “ sociedades financeiras” que ofereciam sempre juros remuneratórios altíssimos e garantidos, justificando-os vagamente com “mercados emergentes”, sul-americanos, asiáticos ou ainda mais longínquos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Nem tudo se perdeu!

Esperemos que ao menos assim, o Magalhães consiga trazer algum proveito.

Aumenta, também assim, o negócio das feiras e dos "pregos". A ver se se esquecem do "Paulinho das feiras" e se lembram do "Magalhãezinho das feiras"... Este não dá beijinhos, mas segundo alguns, dá para passar gravatas a ferro e fazer tostas mistas, entre outras coisas...

Muito adequado aos nossos...

Numero Pi

Qualquer semelhança entre estas duas realidades é pura coincidência:


segunda-feira, 4 de maio de 2009

A extrema-esquerda em França

Acordo depois de uma noite de "queima" e que descubro eu? Para terror dos meus terrores, descubro que sou o alvo da fúria terrível de Carlos Santos aka "Flagelum Dei", aka "Aquele que se cita incessantemente a si próprio", aka "O homem com mais tempo livre em Portugal".

E que diz esta luz divina que ilumina todo o panorama do obscurantismo nacional? Depois de dizer que eu não leio jornais (pelo menos dos bons) e que eu não sei ler inglês (e português mal), este pequeno génio diz que o novo partido anticapitalista francês recolhe 47% das intenções de votos. Com isto Carlos Santos pretendia refutar a minha afirmação segundo a qual "não haveria países do mundo ocidental em que a extrema esquerda ocupasse uma tão grande franja do eleitorado como em Portugal".

Eu podia sempre argumentar que a França não é um bom exemplo, pois, em muitos aspectos, é um país bastante extremista e instável. Poderia ainda dizer que é um país que tem uma revolução (não se sabe bem porquê) de vinte em vinte anos. Poderia até dizer, como o bom povo diz, "que a excepção confirma a regra". No entanto não digo. E porquê? Porque como "até um cego pode ver", estes 47% são de simpatia pelo partido, não são de intenções de voto, duas coisas bastante diferentes. Diz também Carlos Santos que "há países europeus ocidentais onde o que chama de "extrema-esquerda" não só tem o mesmo número de votos que o maior partido da oposição, mas coincide (!!) com esse maior partido da oposição." Esta a afirmação é verdadeiramente genial, tendo em conta que o NPA foi fundado em Fevereiro de 2009, e que desde então ainda não houve qualquer acto eleitoral em França! Ou seja, o NPA tem zero deputados na Assembleia Nacional, logo não pode ser o maior partido de coisa nenhuma!!


Concluindo o post de Carlos Santos não traz nada de novo nem defende uma única ideia válida (isto, claro, sem contar com os insultos e insinuações sobre o intelecto dos outros...), algo que parece constante a este senhor.


P.S.: Peço desculpa por ter só respondido agora mas como deve imaginar, a minha vida não me permite acompanhar incessantemente, todo e qualquer blog...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Guia de Arquitectura Porto e Norte...1.9

Souto de Moura depara-se nos fins dos anos 90 com um impasse na sua obra. O neoplasticismo e uma certa linguagem associada a mies van der rohe, desenvolvida até à exaustão em vários programas de habitação chega a um fim.Começa então uma nova busca formal, onde a obra da casa do cinema Manoel de Oliveira é um dos primeiros exemplos. O edifício nasce como uma câmara de filmar onde olhos tipo mosca ( as aberturas) tentam captar as vistas de mar por entre as torres de habitação que lhe estão à frente, um edifício pintado em cinza escuro com um embasamento em chapa de inox. Guedes + de Campos uma dupla que já se começa a celebrizar na arquitectura Portuguesa recente, constroi um conjunto de bares no cais de Gaia. Contentores minimalistas onde a dupla explora uma linguagem associada à escultura minimlista dos anos 60/70 americana, onde Donald Judd é figura de destaque. Os Bares abrem-se à paisagem e ligam-se com os serviços por uma passagem em lona industrial articulada. Souto Moura desenha na Maia um bloco de habitações, aqui o desenho minimalista é totalmente evidente, uma linguagem que Souto Moura não abandona apesar das suas novas tendências formais. O bloco é um grande contentor revestido em persianas de alumininio onde a diferença entre aberturas e panos de parede não é notada. Quase como uma grande caixa metálica pousada num terreno. Os interiores dos apartamentos vão primar pelo detalhe do pormenor a que o autor já nos habituou.



60 - Casa do cinema Manoel de Oliveira - Porto / manoel de oliveira cinema house / E. Souto de Moura 1998
59 - Bares de gaia - V.N.Gaia / gaia bars / Guedes + de Campos 1998-2002



58 - Edifício de habitação maia - Maia / maia building / E.Souto Moura 1997-2002

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

diz que o socrates vai dar bolsas de estudo ao segundario...

...e o alberto martins pensa com muita futuridade

Porque é que sempre que tenho paciência para ver debates fico com a noção de que o governo em vez de estar a mostrar o seu trabalho está a fazer oposição à oposição?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Guia de Arquitectura Porto e Norte...1.8

Os fins dos anos 90 caracterizam-se por uma grande encomenda pública a arquitectos de equipamentos de referência para as diversas cidades do Pais.O museu de Serralves convida Siza nos anos 90 para desenhar o seu museu. Siza escolhe um local dentro do parque de Serralves, uma parte do pomar e constroi um edifício que se esconde do exterior através dos muros da quinta e que se alarga para os jardins. O museu contêm todos os pormenores já habituais...à la siza, e faz a ligação em alguns dos seus espaços com a emblemática casa de Serralves isso bem patente no átrio principal do museu. Alexandre Burmester desenha um pavilhão para a expo 98, que é transportado e montado no parque da cidade, este pavilhão que incide sobre o tema da água é patrocinado pela empresa Unicer e é a interpretação do próprio de um contentor virado ao contrário, inclinado de onde acedemos por um dos extremos. As peles que revestem o edifício podem se assemelhar a novas linguagens também experimentadas por arquitectos suíços que começam a ser referência em Portugal, a dupla Herzog & de Meuron. José Manuel Soares desenha uma biblioteca para o Porto, escondendo-a como Siza o faz em Serralves nos jardins do Palácio de Cristal,o local destinado a este equipamento pela câmara, um edifício que também ele faz uso das peles exteriores e que se esconde do exterior encostando-se aos muros do Palácio de Cristal.

57 - Museu de Serralves - Porto / Serralves Museum / Álvaro Siza Viera 1996-1999
56 - Pavilhão da Agua -Porto / water pavillion / Alexandre Burmester 1996-1998



55 - Biblioteca Almeida Garret -Porto / Almeida Garret Library / José Manuel Soares 1995-2001


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quarta-feira, 15 de abril de 2009

A excitação juvenil

O candidato Vital Moreira, no seu blog, acusa Paulo Rangel, também ele candidato, de "excitação juvenil" (sic).*

Eu não sei bem por que padrões etários ou semânticos se rege o ilustre Professor de Direito, mas acho importante fazer-se notar que, para os devidos efeitos, o Dr. Paulo Rangel dificilmente pode ser considerado um "jovem", apesar de ter pouco mais de 40 anos.

Bem sei que a Constituição (da qual o Senhor Professor é parcialmente pai) não define o conceito de jovem (nem sei bem porquê, já que define tanta coisa, igualmente irrelevante) e talvez por isso o Professor Vital tenha dificuldade em lidar com um conceito sem densidade constitucional... mas vamos tentar dar-lhe uma ajuda.

Não me parece que o Dr. Paulo Rangel possa ir aos correios e tirar o cartão jovem (infelizemente, eu também não), que se possa filiar na JSD ou que se possa candidatar ao arrendamento jovem. Não me parece, também, que o Dr. Paulo Rangel possa já aproveitar os programas Inov Jovem ou Inov Contacto. Não pode sequer ser considerado um jovem empresário. Portanto, em que medida é o Dr. Paulo Rangel jovem? Só por comparação com a avançada idade do Senhor Professor que com os seus 65 anos já pode aproveitar inúmeros descontos para "seniores" em vários serviços.

Assim sendo, se o candidato Vital Moreira acusa o Dr. Paulo Rangel de "excitação juvenil", sem qualquer correspondência deste ao "grupo alvo", acho que nada impediria o candidato do PSD de classificar tais declarações como "senilidade própria da idade"... fica a sugestão!


Também publicado aqui.


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* É sabido que os assuntos da "idade" e da "juventude" me afectam muitíssimo. Por um lado, o meu lado "pp" (pragmático e político) acha inconcebível que se continue a chamar jovens (num sentido menorizador, como se a juventude fosse defeito) a pessoas com 40 anos e mais do que provas dadas. Por outro, o meu lado "ff" (fútil e feminino) fica deliciado, porque se o Professor Vital Moreia considera o Dr. Paulo Rangel um "jovem", isso significa que eu ainda tenho longos anos pela frente em que não tenho que me preocupar com a idade e com o envelhecimento... pelo menos mais 14 anos de "juventude" (e correlata excitação) tenho garantidos!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Descubra as diferenças





Deve ser dos brasileiros...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Durão Barroso e as Europeias

Nas europeias, um voto no PS é um voto contra um Presidente da Comissão Europeia português.


A todos os títulos, excelente este post do Vasco Campilho. *




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* A ideia de que se pode substituir Durão Barroso por António Guterres é tão ridícula que nem merece comentário... só "portuguesinhos" é que acreditam que um Português (que não Barroso) volta a ocupar algum cargo de destaque Europeu nos próximos 50 anos... a concorrência é feroz!

Ainda o divórcio

Como eu previa, a lei do divórcio, não veio facilitar a vida aos cidadão e acabou por complicar, ainda mais, muitas situações. Quem o diz, agora, são advogados e magistrados que, ao fazerem o balanço da aplicação do novo normativo, não escondem o desencanto.

A lei, como eu disse na altura, é má, está mal feita, apresenta lacunas graves e representa, na prática, mais uma complicação jurídica do que outra coisa. O PS admite agora fazer "pequenas correcções". Mais uma vez é flagrante a teimosia da maioria em fazer e aprovar leis que não valem nada, para poucos meses depois lhes introduzirem "correcções" e "ajustes" que a oposição pediu logo de início. Porém, como diz o velho ditado Português, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita! Parece-me que é esse o caso da lei do divórcio.

PARABÉNS FC PORTO!




Na primeira mão dos quartos-de-final da Champions, o FC Porto deu uma lição de futebol ao actual campeão europeu, em Old Trafford.

Esperamos ansiosamente uma segunda mão de igual nível e superioridade portista no Estádio do Dragão!

Parabéns FC Porto!

sábado, 4 de abril de 2009

Autarquia Nacional

Segundo o semanário Sol, Lopes da Mota (o patusco que alegadamente avisou Fátima Felgueiras e é agora presidente da Eurojust), andou a pressionar os dois magistrados encarregues do caso freeport, ameaçando-os de represálias caso estes não arquivassem o processo. Também diz que Lopes da Mota, agiu ás ordens do ministro da justiça que por sua vez agiu ás ordens do Sr. Pinto de Sousa. Isto somado ao caso Independente, ás assinaturas de projectos, a todas as outras pequenas chico-espertices que envolvem a vida de Sócrates, e por fim ao vídeo em que o nosso primeiro é acusado de ser corrupto e estúpido, levaria a concluir que a popularidade de Sócrates estava nas ruas da amargura (dado a facilidade com que o povo português faz julgamentos). No entanto não está, muito pelo contrário!! Será porque a malta acredita na inocência e seriedade do nosso primeiro? Não! Simplesmente, não leva isso a mal. Basicamente temos aqui um gigante "Sindrome de Felgueiras/Marco de Canaveses": "Rouba mas tem obra", diz a malta. Paciência, cada povo tem o governo que merece...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sucata ambulante


1998 Chrysler Sebring Convertible

Seras sempre a minha pátria, Mompracem...

Tendo sido convidado pela Maria João, para escrever no ” Cons(c)elho” sobre cultura, decidi falar sobre livros de aventuras (tentando assim corrigir uma grande injustiça). Mais que populares estes livros (geralmente lidos na adolescência e na juventude), são marcantes para o resto da vida (afinal quantos homens de 50 anos ainda guardam carinhosamente os seus livros de Emilio Salgari, ou a sua colecção de Tintin). Não pretendo com este texto fazer uma dissertação profunda e generalizada sobre o tema (até por nunca os ter estudado profundamente); pretendo antes falar um pouco sobre os que mais me marcaram.



Fala-se em livros de aventuras e fala-se em Emilio Salgari; fala-se em Salgari e fala-se em Sandokan, o Tigre da Malásia. Foi dos primeiros livros que li, e através dele conheci o oriente longínquo: Não o oriente real da pobreza, da miséria, da doença, da fome, mas o Oriente lendário misterioso, opulento e excessivo. Com Sandokan e com o seu irmão de armas ,Eanes de Gomera (um português com um apurado sentido de ironia) lutei contra a opressão colonial do império britânico, percorri as ruas de Calcutá, embrenhei-me nas selvas malaias e naveguei no longínquo mar da Ásia a bordo dos paraus de Tigre da Malásia.



Mais tarde embrenhei-me em Dumas, principalmente na sua obra prima, os três mosqueteiros. Ao serviço do rei, percorri á desfilada as estradas de França, tentei impedir o assassinato de Buckingam e combati por honra (e acima de tudo por proveito), contra os inimigos do trono e do altar. Através dos olhos de d’Artagnan (uma espécie de Ulisses da idade moderna), vi a sociedade como só um homem com um grande sentido de humor a pode ver. Conheci os grandes do mundo; aqueles que com uma ordem apenas decidem o destino de povos e nações: os Richelieus, os Buckingams, as Anas d’Austria. Mas também conheci os pequenos, a carne para canhão: os Planchets, as Bonancieux, e os próprios 3 mosqueteiros, Atos, Portos e Aramis.


Muito mais tarde (por estranho que pareça), comecei a aventurar-me em alguns romances gráficos. Estes tiveram o seu apogeu na década de 70: o mundo tinha perdido as suas ilusões romanescas sobre a nobreza da guerra e dos guerreiros, ao ver as imagens transmitidas em directo do Vietname. Logo o personagem principal já não é um herói; é o contrário: é um anti-heroi, um renegado, um pária da sociedade, com a qual pouco se identifica. Não é admirado pelos que o cercam, sendo muito pelo contrário desprezado ou odiado. Altamente individualista raramente serve apenas uma causa, e se a serve deve-se a motivos muito próprios.

Dos romances gráficos que li, os que mais marcaram, (pela sua complexidade e pelo seu estilo um pouco "noir") foram Corto Maltese e Blueberry.




O primeiro retrata a história dum marinheiro sem pátria: filho de uma prostituta cigana, e de um marinheiro inglês, cresce no bairro judeu de Córdova, não assumindo assim uma única identidade cultural. Enquanto novo, uma vidente revela-lhe que a sua mão não tem a linha da vida. Corto reage a esta situação cravando-a com uma navalha, , tornando-se assim para sempre, único senhor do seu destino.
Ao lado de Corto Maltese, e de Rasputine (não confundir com o místico russo) , observei as grandes nações a degladiarem-se nos campos da Flandres, assisti ao principio do fim da sociedade aristocrática, com a derrota e morte de Manfred Von Richthofen (o barão vermelho), o seu ultimo campeão. Vi também mais tarde o nascimento de uma nova e mais terrível sociedade, na tundra siberiana, durante a guerra civil russa. Isto tudo e muito mais, vi na primeira pessoa. Mas em nada interferi, a (quase) todas as lutas e combates fui indiferente; não tomei partido. Conheci também pessoas fascinantes: frios senhores da guerra, sensuais (e não menos frias) condessas russas, lideres de sociedades secretas, revolucionários, espias, prostitutas, ciganos, homens santos. Todos eles cumprimentei com um sorriso de desprezo nos lábios. Vi-os no apogeu da sua vida; no auge da sua importância; e vi-os também na hora da sua morte, quando o destino indiferente à classe, educação, riqueza, ou ideais políticos, lhes veio cobrar a sua divida.



Termino falando do Tenente Blueberry ( Mike Donovan ), através do qual conheci o velho oeste americano. A sua história começa pouco após o fim da guerra civil americana: vemo-lo pela primeira vez em “Junta Junction”, de facto branco inconsciente devido ao efeito do álcool, caído numa pocilga. Nessa imagem está toda a história do personagem: o cavalheiro sulista (que se alistou no exercito unionista), o soldado incapaz de se adaptar á vida em paz, o magnifico guerreiro que atravessou a Guerra Civil como se esta fosse uma pista de obstáculos, arrasado pelo que sente e que não pode partilhar, pela morte e destruição que provocou. Do outrora orgulhoso aristocrata georgiano só sobra o velho fato. O resto, pai, bens, amor, foi destruído pela guerra.
Enquanto serve na ultima fronteira Blueberry opta muitas vezes por auxiliar os índios (o que acabará por levar á sua expulsão do exercito), tornando-o assim duplamente renegado. A partir daí Blueberry levará a vida dum pistoleiro e jogador errante, tornando-se em grande medida num herói trágico: sabe que tem os dias contados, que a chegada da civilização ditará o seu fim. Por isso desloca-se sempre para oeste tentando fugir de todos os seus símbolos (o comboio, o juiz, o homem de negócios, a lei) tentando assim adiar o inevitável.


Muitos livros ficaram por falar: o corsário negro, o ultimo moicano, Ivanhoe, O Bobo, a flecha negra, Miguel Strogoff etc. A grande questão é: porque são estes livros tão marcantes, para tantas pessoas? Talvez porque através deles viaja-mos e conheçamos os quatro cantos do espaço e do tempo: Conhecemos o ocidente e o oriente, as selvas e as montanhas, o oceano e o deserto. Não como foram na realidade, mas como deveriam ter sido. Como foram apenas e só na mente dos homens, ou seja na lenda. Ou talvez porque nós, que nos preparamos para ter um qualquer emprego conformista de colarinho branco, ainda tenhamos um pequeno recanto do subconsciente, que quer gritar desesperadamente, “EU NÃO VOU POR AÍ!!”. Talvez queiramos como os heróis recusar o obvio, a conformidade, a igualdade, e tentar contra todas as adversidades , lançarmo-nos na busca pelo “El Dorado”, pelo Shangri-La , pelo Xanadu, pelo Éden perdido no principio dos tempos… Ou talvez não. Talvez só esteja a dizer disparates… O que interessa é que se tratam de bons livros, não devendo por isso ser desprezados; antes lidos na altura apropriada.


P.S.: Tambem publicado no jornal da jp-porto

O porta-aviões da rotunda da Boavista

JCD no Blasfemias, fala-nos daquele maravilhoso "porta-aviões", que os nossos bolsos fizeram aportar ali na rotunda da Boavista:

"As contas da Casa da Música do Contribuinte estão hoje no Público. São excelentes. A Casa deu lucro, em 2008. Os proveitos estão em alta. A saber:cm

Vendas de Mercadorias: 9 mil euros.
Prestação de Serviços: 914 mil euros.
Proveitos Suplementares: 1,7 milhões de euros.
Subsídios: 13,6 milhões de euros.

Parabéns à magnífica equipa gestora. Note-se que os lucros foram conseguidos apesar de estarem a amortizar loucamente 700 mil euros do edifício que custou 100 milhões, o que significa que ao fim de uns breves 150 anos, apenas, já está tudo amortizado.

No relatório, chamam aos clientes dos espectáculos ‘utentes’, o que é muito agradável. O esplendoroso espírito de repartição pública atinge numa só palavra o seu máximo esplendor.

PS: Dizem lá que os subsídios representam 48,21 € por cada ‘utente’. Coisa pouca, para um país em que o problema do défice já é uma coisa do passado. A Casa é tal qual um hospital. O que o ‘utente’ paga pelos bilhetes para alguns espectáculos não é nada mais que uma simples taxa moderadora."

Daniel Oliveira a ter uma apoplexia...

Oh Dani, vê com quem é que Cristo está:

quarta-feira, 1 de abril de 2009

É dia das mentiras sempre que José Sócrates quiser




Uma iniciativa da Juventude Popular a propósito deste dia que já não tem nada de especial.

terça-feira, 31 de março de 2009

'Tá aqui, 'tá arquivado!

Guia de Arquitectura Porto e Norte...1.7


As reconstruções/adaptações passam a ser uma das encomendas mais frequentes a partir dos anos 90 em diante. Távora na Sé do Porto reconstroi de uma maneira bastante audaz uma interpretação da famosa casa dos 24, antiga câmara do Porto. Uma torre cega nos dois alçados laterais e frontal e aberta para o morro da Sé. Os interiores revelam um certo luxo nos pormenores e nos materiais utilizados. João Carreira um discípulo de Souto Moura reconstroi e adapta o Teatro São João numa intervenção silenciosa muito ao gosto Less is More. Souto de Moura constroi casa própria no Porto na praça de Liege na Foz. Uma praça pacata repleta de árvores onde ele insere um pequeno bloco numa malha urbana de moradias de veraneio do século passado. O bloco comporta apartamentos de tipologia T3 que se abrem para a praça a partir de grandes envidraçados.Uma linguagem que o próprio já domina na perfeição.


54 - Torre da sé -Porto / Tower of the Sé / F. Távora 1995-2002
53 - Teatro S. João reconstrução - Porto / reconstruction of são João Theatre / João Carreira 1994-1997

52 - Edifício praça de liege - Porto / liege building / E.Souto de Moura 1994-2001

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segunda-feira, 30 de março de 2009

Porto Canal

Temos o prazer de hoje à tarde podermos contar com um colaborador nosso num programa do Porto Canal. Rodrigo Lobo d'Ávila em directo as 16h sobre homofobia. A não perder.

domingo, 29 de março de 2009

Eu sempre fui contra que o homicídio fosse considerado crime, portanto...

Ontem, em Gondomar, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Santos Silva, reafirmou que "não há nenhum membro deste Governo que esteja indiciado ou sequer sob investigação". E explicou que o PS se opôs a que o enriquecimento ilícito seja considerado crime, por defender que "não se deve inverter o ónus da prova".
in http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1184885

Já não falo da gravidade de um ministro andar a falar de quem é investigado ou não, o que, se não é uma grave intromissão do poder político no poder judicial, será uma mentira do pior, uma invenção do sr ministro, o que, qualquer que seja o caso, levaria à sua imediata demissão, num país decente.

Falo de agora, pelos vistos, pertencer a uma trupe que discorda com a lei servir de desculpa para o incumprimento da mesma e nos ilibe de qualquer crime!!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Alta rotação (3) - Sucata

Alguns exemplos de sucata ambulante...










Alta rotação (2)

O Manel tem toda a razão! Peço desculpa aos leitores pelo facto da crónica Alta rotação não ter tido a segunda edição na altura devida. Mas como nunca é tarde e como me quero redimir aqui vai a segunda crónica sobre automóveis.
Até poderia escrever sobre algum modelo recente mas a minha escolha desta vez vai recair mais uma vez sobre um modelo já com alguns anos.
Muitas pessoas apenas consideram um automóvel como um clássico se já tiver uma data de anos, se for inglês, se avariar a todo o momento e se alguém com mais de 1.80m não conseguir entrar lá dentro... Sim, estou a falar de MGB's, Jaguar E's, Triumphs TRxx's, etc. Sinceramente para mim esses carros não passam de sucata ambulante que nem no seu tempo, à excepcção do Jaguar E-type (explicarei a minha raiva sobre este carro mais tarde), conseguiram algo de relevante.
O modelo do qual vos vou falar hoje esteve em produção entre 1993 e 1998. É portanto um carro no máximo com 16 anos já com ABS, ar condicionado e muitos outros items que fazem um carro confortável mas com estatuto suficiente para ser considerado pelo menos por mim como um verdadeiro clássico. Falo-vos do Porsche 911 modelo 993.

O Porsche 993 é um modelo extremamente feliz do ponto vista estético. A frente é muito bem desenhada com os tradicionais faróis do 911 a serem ligeiramente modificados mas sem serem adulterados como aconteceu com a geração seguinte (996). A traseira para mim é a parte mais bonita do carro, principalmente nas versões S mais alargadas transmitindo um certo ar de poder!
Este foi o último 911 refrigerado a ar e é considerado pelos puristas como o verdadeiro 911. Este carro 911 não é um 911 qualquer, não é um Porsche para quem simplesmente quer ter um modelo da marca alemã, para isso comprem um 996 que é mais recente, gasta menos e tem mais equipamento. Isto é um carro para quem sabe o que está a comprar...

Há diversas versões do Porsche 911 993. Temos o Carrera 2 e Carrera 4 coupé ou cabrio (272cv e mais tarde 286cv), o Targa (muito bonito), o Carrera S ou 4S (286cv), o Turbo (402cv), o GT2, o RS, o RSR e uma versão 3800 cc muito rara com 300cv. Este carro trata-se de um autêntico super carro que se pode usar todos os dias e fazer 250000km sem problemas de maior. Como já disse, a gama de modelos é vasta e há 993's para todos os gostos e carteiras.
Há ainda outro factor neste carro que me deixa louco mas que não há palavras para descrever... vejam o video (aliás ouçam!)


Preço - entre 25000€ e 300000€ (dependendo do modelo e do estado).

Ouvi dizer...

...e lembro-me de ver aqui escrito que iria haver neste mui nobre blogue uma crónica semanal (acho eu) sobre automóveis novos e antigos. Tenho que pena que tenha caído no esquecimento.

Para quem, mesmo assim, quiser andar actualizado neste campo, recomendo o seguinte blogue:

http://www.4rodas1volante.com/

Já agora, sinto um certo distânciamento dos habituais bloguers e commentators deste "Novo Século". Partiram, juntamente com o seu contributo, para outras casas "côr de legume comido por grilos", e esqueceram-se desta, que os viu nascer. Neste dia do Pai, triste fico com a falta de respeito por esses senhores e senhoras, que tão facilmente se desligam das suas origens.

Fica o repto!

(Quero ver o blogue cheio de comments...)

terça-feira, 17 de março de 2009

Guia de Arquitectura Porto e Norte...1.6

Uma recuperação de Souto Moura na alfândega do Porto, edifício de grande qualidade construtiva, onde Souto Moura faz uma intervenção silenciosa adaptando todo o espaço a um Museu de Transportes e local de eventos. Contentores função colocados em locais precisos, rodas de bicicleta como uma assemblage de Duchamp ou escadas com rodas em madeira de pinho sem tratamento fazem com que a marca do autor seja notada em certos momentos de uma maneira subtil. Álvaro Rocha seguindo as pisadas de Souto de Moura cria um edifício de escritórios que pousa sobre um terreno de intersticios de cidade, subúrbios mal urbanizados. O edifício todo ele pensado de uma maneira modular usa os materiais e chapas metálicas para revestimentos. Um desenho rígido e minimalista sem momentos de audácia. Guedes + de Campos uma dupla que se começa a afirmar nos anos 90, também eles herdeiros de uma linha Souto Mouriana herdeira de uma linguagem miesieana desenham um bar contentor para o cais do Porto. Volume em vidro que pousa numa plataforma em calcário branco. Dois contentores em ardósia colocados em balanço contêm os serviços necessários. Uma dupla que vai dar que falar.

51- Café do Cais - Porto / cais bar / Guedes + de Campos 1994

50 - Edifício ICEP - Porto / icep building / João Álvaro Rocha 1993-1995



49 - Recuperação de edifício alfândega -Porto / reconstruction of alfândega / E. Souto de Moura 1993-1994

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terça-feira, 10 de março de 2009

Liberdade Económica



No index of economic freedom de 2009 da heritage foundation, Portugal aparece em 53º lugar, atrás do Botswana, Arménia e Geórgia. Estamos todos de parabéns!!

Ciclos Historicos



Medina Carreira, na sua entrevista com Mário Crespo, mostrou um gráfico que representava o crescimento económico português ao longo do século XX. Segundo esse mesmo gráfico o crescimento económico desta década é mais ao menos semelhante á década que terminou com o ano de 1910. Não quero insinuar com isto que vamos acordar daqui a dois ou três anos, com a marinha de guerra a bombardear o palácio das necessidades; no entanto a historia repete-se e como dizia o outro, maybe "times they are are changing"(não necessariamente para melhor).

quinta-feira, 5 de março de 2009

The Road to serfdom

"Vá dizer aos adolescentes que namoram, que querem dar o passo seguinte e viver em união de facto agora vão ter que assumir tudo isto. E que quando a relação acabar terem de indemnizar o outro. Esta esquerda que se diz moderninha, quer entrar em casa das pessoas e impor os seus padrões."

Nuno Melo esteve muitissimo bem (o que não é, com certeza, motivo para admiração) ao falar sobre o mais recente ataque do PS à liberdade individual.



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Casamento ou União de Facto?



Cada vez esta pergunta faz menos sentido, na medida em que o PS (na sua fúria reguladora) propõe uma aproximação dos regimes legais aplicáveis a ambas.

Ora, se tal, à primeira vista, parece fazer sentido, uma vez que ambas as situações jurídicas (casamento e união de facto) regulam a mesma situação de facto, a realidade é que tal vem, uma vez mais, meter o Estado no meio dos casais e impor regras, deveres, direitos, e obrigações que as partes não pediram nem desejam.

E mais grave porque a união de facto, ao contrário do casamento, não tem de ser reconhecida formalmente pelas partes (mediante expressão da sua vontade) para ter efeitos legais: a lei aplica-se, automaticamente, a qualquer união a partir do momento em que se cumpram dois anos de vida comum (como se faz a prova disso, não faço ideia, mas deve ser interessante!), quer as partes queiram, quer não queiram.

Por isso a pergunta que se impõe é a seguinte: e quem não quer ser casado, nem unido de facto, nem ter o Estado a impor regras à sua relação pessoal com que regime fica? Será que essas pessoas têm alguma protecção do Estado ou algum respeito (por parte deste) à sua liberdade pessoal? Ou, pelo contrário, esse casal, que nunca desejou ou aceitou contratualizar a sua relação, ver-se-á vinculado a uma panóplia de direitos e deveres que não pediu nem quer???

Numa altura em que se fala de dar direitos e os correlatos deveres a casais homossexuais (o que acho muito bem) julgo que se deveria aproveitar e discutir em nome de que sacrossanto poder de Estado este se julga autorizado a conferir direitos e obrigações a quem não os quer!


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Guia de Arquitectura Porto e Norte...1.5

Souto de Moura começa a dar cartas nos anos 90 com uma série de obras, a habitação vai ser a sua principal encomenda inicial. As casa pátio em Matosinhos representam um modelo que mais tarde é adoptado pelo mesmo noutros projectos como as casas da avenida na Boavista. Estas casas desenham-se entre as sobras de terreno de uma grande quinta, tentando-se fundir pelo seu desenho minimalista nos jardins desta. Siza desenha um edifício para albergar o seu escritório assim como o de Távora e o de Souto Moura, depois de um concurso interno entre ambos. Siza desenha um edifício voltado ao rio aberto sobre um pátio central. Como Souto Moura o disse,o edifício parece um gato enroscado ao sol. O edifício da rua do Teatro na Foz de Souto de Moura é uma experiência invulgar e arriscada do autor em experimentar a construção em ferro. O edifício torna-se assim original por arriscar tanto na técnica como no conceito.

48 - Casas pátio - Matosinhos / courtyard houses / E. Souto de Moura 1993-1999

47 - Escritório de arquitectura - Porto / architecture Office / álvaro Siza Viera 1993-1998


46 - Bloco da rua do teatro - Porto / Housing on foz / E. Souto de Moura 1992-1995

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