Antes de mais, exponho o que se passa: o regulamento de elegibilidade para as competições europeias da UEFA diz-nos que um clube, para participar nestas, “não pode estar ou ter estado envolvido em qualquer actividade destinada a combinar ou influenciar o resultado de um jogo a nível nacional ou internacional”. Assim sendo, pretende o SL Benfica que o FC Porto seja afastado da Liga Milionário na próxima época, em virtude da condenação no âmbito do processo "Apito Final".
Adoptando uma visão clubística: acho que o SLB devia ter vergonha de criar este tipo de situações. O desespero e a crise de resultados na Luz são de tal ordem graves, que o clube se vê obrigado a tentar infantilmente chegar aos seus objectivos de qualquer forma possível. Não jogaram nada a época toda. Não ganharam uma única competição. Ficaram em 4º lugar no campeonato. Temos pena. Mas por favor tenham um pingo de vergonha na cara, dêm-se ao respeito, e em vez de tentar tramar os adversários tentem antes jogar à bola. Talvez dê melhor resultado..
Adoptando agora uma visão jurídica: em primeiro lugar há que recordar como surge esta regra de admissibilidade. A exclusão dos clubes associados a corrupção foi acrescentada aos regulamentos pela UEFA recentemente, na sequência do «calciocaos». O Milan viu-se envolvido no processo e a sua participação na Liga dos Campeões foi questionada. Na altura, a UEFA lamentou que os regulamentos não previssem a questão e decidiu alterá-los. Ora, isto acontece em 2006, ou seja DEPOIS da época em causa para o FC Porto (2003/2004). Não faz assim sentido algum que o FCP seja impedido de ingressar na Champions em 2009, já que os regulamentos NÃO SÃO RETROACTIVOS. Deste modo, poderia ser o FCP afastado se o caso de tentativa de corrupção se tivesse passado na actual época desportiva. Mas na realidade, este passou-se em 2003/2004, antes mesmo de a nova regra existir. Logo, toda a discussão em torno do acesso do FCP à Champions é ridícula e desprovida de fundamento jurídico.
Enfim, os cães ladram e a caravana passa.
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