sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Disciplina de voto

Portugal é um país que vive mal com a democracia. É assim que se apela ao povo para dar uma maioria absoluta a um partido, que em lugar de argumentos o nosso parlamento costuma recorrer ao método de insultar o adversário ou a outra criancice bem conhecida, o "eu fiz mal mas tu fizeste primeiro". O nosso PM consegue conjugar a maioria absoluta que ganhou em 2005 com uma incidência especialmente grande do gene casmurro.
Todo o governo, bem como o líder da bancada do PS estão num enorme alvoroço com a proposta hoje apresentada pelo CDS. Lembram a disciplina de voto, o Alberto Martins já disse que assumirá "as responsabilidades inerentes a uma derrota parlamentar se ela se verificasse", já consta que o sr Pinto de Sousa se vá demitir caso sofra uma derrota nesta votação, tudo porque convive mal com a democracia e não sabe ouvir os outros. A democracia é para o que lhes interessa. Até chegar ao poder têm que me ouvir por causa da democracia, depois ninguém pode contrariar as ideias do chefe.
A obediência parlamentar é o primeiro passo para o estado-máquina comunista, ninguém pode pensar pela própria cabeça, aliás, ninguém pode pensar e, se isso acontecer, substitui-se a engrenagem. A democracia apenas chegará verdadeiramente ao nosso país quando se acabar com esta tirania e cada deputado poder pensar pela sua cabeça, bem como terá que responder pelo seu trabalho perante os cidadão que votaram nele, e não será mais desresponsabilizado pela entidade meia abstracta que é "o partido".

Para terminar, penso que Manuela Ferreira Leite, há uns tempos atrás, devia ter dito antes que de vez em quando é preciso interromper a ditadura por seis meses e endireitar tudo, porque
é disso que se trata.