quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Obama, Israel e a esquerda

Não é que eu tivesse grandes dúvidas, mas não tardou mesmo nada. Alguns ilustres representantes da nossa esquerda obamista, promotores de um pretenso carácter messiânico e todo-poderoso de Obama, aos seus olhos uma divindade americana feita à imagem da esquerda europeia, já devem ter colocado violentamente os pés na terra e vertido algumas lágrimas pela morte de um sonho patético. E o homem ainda nem tomou posse! A ajudar à desilusão, estão as primeiras posições do novo presidente americano sobre a situação em Gaza:

«If somebody was sending rockets into my house where my two daughters sleep at night, I’m going to do everything in my power to stop that. And I would expect Israelis to do the same thing.»


«(...) they [Hamas] are a terrorist organization and I’ve repeatedly condemned them. I’ve repeatedly said, and I mean what I say: since they are a terrorist organization, we should not be dealing with them until they recognize Israel, renounce terrorism, and abide by previous agreements.»

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Também publicado, agora, aqui.

4 comentários:

Hugo disse...

A demagogia da situação está, como sempre, entre escolher o bom ou o mau em concreto...

Entre os belicistas que acham que Israel faz mt bem em "rebentar com esses terroristas" e os habituais pacifistas que lutam contra o fim dos ataques contra os "coitadinhos do hamas", o esforço mínimo seria discutir até que ponto a resposta israelita é adequada e proporcional(cumprindo requisitos de autodefesa mínimos, como e principalmente o de última ratio)...pois parece-me claro que uma reacção é necessária, o "como" é discutível...Só a partir daqui poderá haver um diálogo saudável...

ao autor do texto recomendo um bom livro: Michael Walzer : a teoria da guerra justa e o terrorismo!

Não necessariamente porque concorde ou não, mas porque levanta questões bastante interessantes...

Tiago Loureiro disse...

Quanto à tão propalada questão das proporcionalidades, parece-me que esta resposta de Israel (assim como as que vai dando ao longo da sua história) é proporcional ao que vai estando em causa: a sua sobrevivência como Estado livre e soberano.

O autor do texto não conhece o livro em questão, mas conhece alguma da teoria de Michael Walzer sobre a “guerra justa”, expressão que vai utilizando, nomeadamente, para descrever a acção Israelita em Gaza.

Hugo disse...

Como deverás saber...os hamas não representam um perigo real por si só para israel e para a sua independência, que é muito mais poderoso que um grupo em decadência a quem só resta atacar para tentar esconder todos os outros problemas de subsistência que enfrentam...

Obviamente que não mata mas incomoda, e portanto deve ser repelido...E voltaremos smp à questão do como...excessivo ou não, terei que me debruçar melhor para avaliar a situação...Gostava de ler a tua opinião sobre a proporcionalidade do contra-ataque...

Tiago Loureiro disse...

Lembra-te que o Hamas é uma organização que tem como único objectivo a destruição de Israel. Se os israelitas não os levassem a sério, não sei como seria. Para além disso, Israel está rodeado de países que também o põem em causa. Uma posição de força contra o Hamas é uma necessidade também por isso...

Também pelo facto de o Hamas ter o objectivo que tem, torna-se difícil para Israel resolver as coisas pela via diplomática. O que há, afinal, para negociar?

A minha opinião sobre a proporcionalidade do contra-ataque israelita é a que deixei no outro comentário. Vítimas civis são sempre evitáveis. Mas para as poupar convém, em primeiro lugar, não as usar como instrumento de camuflagem.