quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sinais da crise e dos tempos



Hoje Nuno Pacheco, na sua cronica do Publico, fala-nos dum inquérito feito na U.E., em que 31% dos inquiridos considera (entre outras coisas) os judeus culpados da crise económica, de falarem de mais do holocausto (que fiteiros, Aushwittz? isso é tipo a Bracalandia n é?), e de serem mais leais a Israel do que ao seu próprio país.

Nos últimos anos a Europa tem-se orgulhado, (e gabado ao sete-ventos, tanto que até mete nojo) de ser um exemplo no que toca multi-culturalismo e tolerância da sua sociedade. Saberemos brevemente, quando a crise começar a doer, quanto existe nessa orgia de boa-vontade e de compreensão humano, de verdadeiro. Afinal lá costuma dizer o povo (na sua infinita sabedoria): "Casa em que não há pão todos ralham, ninguém tem razão."

Ou muito me engano ou a "festa" passar-se-á da seguinte maneira (passou assim de todas as outras vezes):

1) A crise começa a atingir a economia real

2) Os governos apesar de fazerem o seu melhor no combate á crise (vomitando dinheiro sobre ela), são sempre mal sucedidos. Começam-se a tornar impopulares, e o proprio regime fica em causa.

3) Os lideres políticos percebem que só há uma coisa a fazer: unir o povo todo atrás de deles, contra um inimigo comum. Mas contra quem?

4) A partir daqui há duas hipóteses:

4)a) O inimigo é externo, tratando-se duma nação ou uma qualquer organização que constitui uma ameaça para a Pátria (lembram-se da Primeira Republica?). A partir daqui está aberto o caminho para a guerra.

4)b) A segunda e mais provável, é incitar a populaça (nd dificil) a perseguir um inimigo interno (função que ela realizará com a maior das motivações). Deve ser de preferência um grupo não muito poderoso. Uma comunidade que tenha algo de diferente, e portanto pareça estranha ao resto da sociedade. A partir daqui tudo é possível.

Ou muito me engano, ou isto em breve irá começar, mostrando o quão fracos são os Ideais da Europa. Esperem... Já começou!!! E como eu disse, não foi difícil!!

3 comentários:

Gonçalo Dorotea Cevada disse...

Não concordo de todo com a afirmação de que os valores europeus (os quais são partilhados por quase todo o "Ocidente") estejam em crise, mas enfim.

Quanto à crónica do Nuno Pacheco, apesar de concordar, parece-me algo alarmista. Sobre a actual situação dos judeus e isrealitas parece-me mais realista e pragmático a crónica da Esther Mucznik, também no Público de hoje.

BSC disse...

Bom texto este! A crise servirá de desculpa a muita coisa. E temo que a liberdade seja a primeira sacrificada...

Rodrigo Lobo d'Ávila disse...

"Os valores europeus", são tão europeus, tão europeus que antes de chegarem à Europa (salvo raras excepções), chegaram a quase todo o "Ocidente". De facto só se implantaram na Europa definitivamente, à 60 anos atrás sendo tão bem recebidos pelos cidadãos europeus, que tiveram que abrir caminho a tiro de canhão.

Basicamente os valores são ocidentais. Não tem puto a ver com a união europeia. E são tão ocidentais, como o são o anti-semitismo, o racismo, o queimar pessoas na fogueira (só por terem uma verruga no nariz) etc.

A questão é que estes valores, nunca resistiram a uma época um pouco mais tumultuosa. Tens como exemplo a Alemanha de Weimar, que era das sociedades mais tolerantes da Europa e não se sabe como transformou-se no III Reich. Claro que se avaliares os valores europeus, pelo que se diz no parlamento europeu, e o considerares como um verdadeiro espelho da sociedade europeia então por essa perspectiva está tudo num mar de rosas...

Quanto á cronica de Pedro ser algo alarmista, bem se calhar é melhor ires dizer isso á "Anti-defamation league".

Quanto ao artigo de Ester Muznick:
Bem se calhar é melhor leres os dois textos outra vez.


1)Num fala-se duma situação interna da U.E., enquanto Mucznik, fala da situação interna e externa do estado de Israel. Não vejo puto de relação.

2)Eu e Nuno Pacheco utilizamos, os judeus como exemplo de uma minoria étnica, ou de um qualquer grupo fora do normal dentro da sociedade. Continuo a não ver a relação, a não ser pelo facto de Esther Mucznick ser também judia.