A Cultura é um ponto importante para a educação e promoção de um Povo no mundo. A cultura abrange áreas tão diversas como a gastronomia, as artes plásticas, o cinema, a fotografia, a dança, o teatro.
A cultura de uma população é um bom indicador do grau de desenvolvimento de um Pais e das suas populações. Quando um povo tem tempo para se dedicar à valorização e fruição da sua cultura é sinal que questões de índole maior como a Fome, a Saúde, a Habitação condigna para todos já se encontram parcialmente resolvidas. Um povo que possui cultura, e interesse por áreas que vão da gastronomia ao teatro, que produz cultura, é um povo erudito, e pode ser um povo que produzirá marcas intemporais no século em que vive.
Actualmente vamos a museus ou cidades, visitar vestígios ou sítios arqueológicos, visitando a cultura e os artefactos produzidos por este povo. O que realmente fica para a posteridade são as marcas que uma civilização produziu através dos instrumentos da cultura.
É por isso importante educar as populações para a sensibilização e produção de cultura.
Portugal encontra-se ainda numa fase embrionária. A cultura em Portugal ainda é vista como um assunto de menor importância, apenas tratado por alguns ou até uma área que normalmente a esquerda absorve e bem. A cultura e o seu tratamento como assunto menor, mostra a ignorância de alguns. Portugal encontra-se assim num processo que se pode apelidar de embrionário, pois só agora se começa a dar algum valor aos processos culturais e aos frutos que se pode colher deste assunto menor.
As vanguardas artísticas foram e vão continuar a ser as produtoras de cultura de qualidade, de cultura que avança em termos artísticos e só por si avança e marca um século e uma década.
Estas franjas sempre marginais ao processo artístico instalado são importantíssimas para a produção de cultura de qualidade, de produtos artísticos de excelência que vão por sua vez internacionalizar o Pais e o seu povo. É obvio que estes nichos das vanguardas não são acessíveis a todos, devido à fraca sensibilização cultural da nossa população, contudo estas vanguardas devem ser financiadas e promovidas enquanto tal, isto apenas quando o seu valor for reconhecido como motor possível de avanço artístico/cultural, para mais tarde as podermos fruir em pleno.
Em Portugal existem vanguardas, artistas de reconhecido valor artístico, como Cabrita Reis, Julião Sarmento, Paula Rego, Joana Vaconcelos estes obviamente já pertencem ao de arte mundial e já têm o seu reconhecimento além fronteiras ao mesmo tempo que ajudam a divulgação do nome Portugal no mundo, mas existem outros que ainda não têm este valor reconhecido, e que muitas vezes são preteridos em torno de interesses económicos mais vantajosos.
Como exemplo disso temos casos recentes onde salas de espectáculo são dadas à exploração a companhias de eventos que se dizem produzir espectáculos, por vezes duvidosos em termos artísticos, e que apenas promovem o lucro fácil.
É obvio que um filme de Manoel de Oliveira não é rentável economicamente, pois não enche salas de cinema e nem todos têm a sensibilidade para o poder entender, mas o seu valor é reconhecido mundialmente, e o nome de Portugal faz-se ouvir devido aos seus filmes.
É essencial não promover o espectáculo fácil e economicamente viável em detrimento do artístico que não estamos preparados para aceitar. É obvio que não se pode dar pérolas a porcos…mas sim tentar deixar de ter porcos para podermos ter mais pérolas.
A Cultura têm obviamente de tentar ser lucrativa, mas não se pode exigir lucros imediatos nem receitas totais e a 100%.
O caso de Serralves no Porto é um caso exemplar de cultura lucrativa. A persistência de um conjunto de mecenas associados ao Estado com a ideia de promover a arte contemporânea com valor internacional e nacional, teve resultados.
Serralves é sem dúvida alguma um exemplo de conjugação de esforços entre uma boa gestão e uma correcta e acertada escolha de arte a promover. A criação de um público assíduo do espaço de Serralves, sendo este público consumidor de espaços como a cafetaria, a livraria, o parque, a loja e também o museu. O público frequenta o espaço de Serralves não só pelo museu mas sim pelos serviços disponibilizados no pacote. O pacote de Serralves é sem dúvida atraente para o consumidor, o consumidor cosmopolita e habituado a estes hábitos que não dispensa na sua vida actual não deixa de visitar o museu e até começar a consumir arte contemporânea.
A promoção do museu no Pais, a marca associada a Serralves tanto internacional como a nível nacional tornou-se já uma referência de cosmopolitismo importante na promoção da cultura.
A cultura não é só para alguns, a cultura é para todos, mas para ser para todos temos de a embrulhar num pacote bem bonito e atraente. Serralves torna-se assim excepção aos restantes museus portugueses, e à ineficácia do sistema operativo que os gere actualmente.
À parte de um ou outro museu que vive associado a edifícios emblemáticos e de valor arquitectónico referencial no Pais, como o caso do Palácio da Pena em Sintra, os restantes museus vivem de exposições temporárias e de um acervo de arte mal gerido e defeituosamente mostrado ao público.
É necessário que estes museus sigam o exemplo de Serralves ou da Gulbenkian, utilizando pacotes atractivos para poder chamar a população, sensibilizando o povo para o que as vanguardas estão neste momento a produzir.
Vejamos o desenvolvimento que Bilbao teve depois do efeito Gugenheim, as receitas turísticas que advêm deste museu para toda a Espanha. Portugal precisa de um museu com escala mundial. O seu espólio em parte já está constituído, bastaria o desmantelar e aglutinar de espólios como o do Soares dos Reis no Porto, de Arte Antiga em Lisboa e de colecções privadas já na posse do Estado como a colecção Berardo.
A ineficácia de alguns museus em Portugal deve ser colmatada pela criação deste grande pacote museológico com uma marca identitária forte, exportando esse produto para o mundo e com ele esperar os frutos. Agora sim poderíamos dar as nossas pérolas aos porcos…
Sem comentários:
Enviar um comentário