terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dois pesos e duas medidas

Depois de muita insistência do Rodrigo, que só lhe fica bem como dinamizador deste Blog, retomo a minha participação n' "O Novo Século" e, ao contrário do que seria de esperar, não venho falar da crise financeira e da instabilidade dos mercados, mas antes do debate que terá lugar hoje no Parlamento, sobre o estatuto do Kosovo e a posição Portuguesa quanto ao mesmo.

Pelo que leio há já consenso entre os dois grandes (o Bloco Central ainda aí) para que Portugal siga os seus parceiros europeus e reconheça a independência do Kosovo. Embora tenha as maiores dúvidas sobre qual a melhor solução para o problema que temos em cima da mesa (e que foi em grande parte criado por nós Europeus) de uma coisa tenho a maior certeza, a comunidade internacional, e a Europa em especial, não podem criar uma política de "dois pesos e duas medidas", uma espécie de realpolitik taylor made, adaptável às circunstâncias e tão mutável e instável quanto a opinião de uma mulher sobre a moda. E isto porque neste momento não é apenas do Kosovo que falamos. Ou melhor, não deveríamos falar do Kosovo sem falar da Ossétia do Sul e da Abecásia, dois territórios pro-russos que pretendem a sua "auto-determinação" e que a comunidade internacional do "nosso lado do mundo" se recusa a aceitar.

O reconhecimento da independência do Kosovo, na minha opinião, abre um gravíssimo precedente para as leis internacionais e depois disto será muito difícil negar o mesmo direito que oferecemos aos kosovares a quem, invocando este reconhecimento, nos vier pedir nada mais do que "tratamento igual".

1 comentário:

Rodrigo Lobo d'Ávila disse...

Extremamente perigoso: até porque quase todos os países da antiga URSS, tem situações semelhantes. Os historiadores do futuro poderão vir a olhar para a questão do Kosovo, a par da invasão do Iraque, os dois grandes acontecimentos que mataram o direito internacional para as grandes Potencias.