sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Descubra as semelhanças...



Lembram-se de “family ties”, o sitcom americano dos anos 80? Provavelmente lembram-se devido á estrela da série, Michael J. Fox, que intrepretava um jovem génio financeiro, ávido de dinheiro (Alex P. Keaton). Também devem-se lembrar do pai (Steven Keaton), um idealista, que tinha sido hippie na sua juventude, e que era director duma empresa não lucrativa. Provavelmente também se lembram de Robert Keaton, o avô de alex: este era um “blue collar worker” reformado, que passava o tempo a criticar as opções politicas esquerdistas do seu filho.
Eventualmente, a meio da série, o avô Keaton morre. Na noite após funeral , Steven mostra ao filho um bloco de notas de 1954, que tinha encontrado juntamente com o portfolio de Robert. Neste estava escrito que a IBM, era uma empresa destinada ao sucesso , e que quem quisesse, fazer fortuna deveria comprar acções da mesma, mostrando a Alex de quem tinha herdado a sua propensão para a economia. Ao ouvir isto o jovem “yuppie” logo pergunta porque é que o avô não comprou acções , abdicando assim duma vida bastante mais confortável. O pai pondo um ar fatilista explica-lhe que o seu pai viveu na grande depressão, e que como tal habitou-se a comprar investimentos prudentes como commodties, seguros etc. Aqui delineia-se o grande gap entre a geração do Robert, e a que lhe sucede (a geração baby-boomer). A primeira nasceu numa época dourada, durante os “roaring twenties” : o mundo dançava ao som do “foxtrot” , havia uma grande prosperidade económica e toda a gente dizia que nunca mais se repetiria outra loucura, como a I Guerra Mundial. Esta geração (chame-mos-lhe “Geração Robert”), passou assim o principio da sua infância em grande conforto. Tudo isto mudou quando numa tarde de Outono de 1929, estas crianças viram os seus pais chegarem a casa, de gravata desapertada e cabelo desgrenhado, dizendo que tudo estava perdido: começava a Grande Depressão. Os anos seguintes foram de penúria e de miséria, e quando 10 anos depois, tudo parecia voltar ao normal rebenta a segunda guerra mundial. Todos estes jovens imberbes, foram atirados, para campos de batalha longínquo, para lutarem contra dois dos mais ferozes inimigos que o seu país tinha defrontado: o III Reich e o Império Japonês . Todos estes acontecimentos marcaram esta geração , tornando-a muito prudente, conservadora e desconfiada. Esta visão aplicaram-na á sua forma de trabalhar, ao seus costumes (tornando-se bastante conservadores, mesmo em comparação com a dos seus pais) e a todo o seu modo de viver.
Mais tarde nasceu a “geração Steven” . Criados no pacifico e próspero ambiente do pós-guerra, os Steven , cedo se revoltaram contra as convenções sociais que os seus pais lhe tinham imposto, dando assim inicio durante na década de 60, á revolução sexual. Mais tarde nasce a geração Alex: para esta a grande depressão não é mais que uma memória. Algo que leram nos livros de história e que parece impossível voltar acontecer. É esta geração que apoia Reagan, na sua luta pelo fim da maior parte da regulação que já vinha do tempo dos seus avós, tanto a boa como a má. É esta geração que defende a máxima autonomia económica do individuo relativamente ao estado. Em suma se uma geração fez uma revolução social, a outra fez uma revolução económica.
Até agora pensei que a minha geração se assemelharia á geração Alex: tanto no aspecto sócio-cultural como no aspecto económico. Seria a geração liberal, por excelencia. No entanto…
Nascemos nos anos 80, e crescemos nos anos 90. A URSS tinha acabado e com ela a história (como dizia Fukuyama) , e o mundo parecia caminhar para uma nova era dourada, tendo como líder os USA. Contudo isso acabou com o virar do milénio. Apareceu a Al-Quaeda, rebentou a guerra contra o terrorismo; a China e a Russia começaram a flectir os músculos e a demonstrar ter vontades e ambições próprias. Em suma o mundo já não parecia tão pacifico e tão dourado como tinha sido. Mais tarde começou a crise financeira, que parece estar ainda no principio. Em suma as nuvens acumulam-se nos horizontes da minha geração, e ao que dizem, a borrasca ainda nem começou.
A reflexão que eu deixo é a seguinte: que efeitos sócio-culturais terão na nossa geração (e na que se segue), os recentes acontecimentos mundias? Tornar-nos-ão mais próximos de Steve? De Alex? Ou de Robert?

1 comentário:

JoseSouzaBrandao disse...

Excelente reflexão!
Muito bem!
Realmente, é uma questão a pensar...
Hei-de te responder.