terça-feira, 21 de outubro de 2008

Declinio e queda...



Ás vezes interrogo-me : Porque cai uma sociedade? O que faz ruir, dum momento para o outro ,uma civilização que até aí parecia invencível? Uma invasão destrutiva de um qualquer povo bárbaro? Ou Um grande cataclismo? Uma enorme crise social que provoca uma revolução? Sempre que penso nisso vem-me á memória a imagem dos aristocratas franceses, pouco antes da revolução, a aplaudirem de pé, as “Bodas de Figaro”, quando a esfinge que representa a sua classe é enforcado. Tudo isto em nome das ideias iluministas da moda. Foi assim que caiu a sociedade do “Ancient regime”: com risos e aplausos, dançou alegremente a mazurca até á guilhotina. Isto é ,na minha opinião, a principal razão da queda duma sociedade: a descrença dos seus membros nela própria.
Quando vejo coisas como estas, (que são provocadas pelo medo do islão radical), parece que estou a ver a história a repetir-se. Não é a esfinge da aristocracia, que é enforcada mas antes as pedras basilares da sociedade ocidental: a liberdade de expressão e a importância do indivíduo. Paralelamente a elite ocidental aplaude estas medidas. Não em nome de qualquer ideia passada por Voltaire (este deve estar ás voltas no tumulo), mas antes pela ideia algo esotérica do Multiculturalismo.
Assim caminhamos para o abismo: cantando e dançando em nome do multiculturalismo; duma bondade e compreensão humana que o resto do mundo, islâmico (ou não), autoritário, ditatorial, agressivo e sobretudo muito perigoso não reconhece e despreza. Assim arriscamo-nos a desaparecer como civilização. Assim arriscamo-nos a cair aos pés desse mundo extremamente perigoso. Mas não por causa deste último; o culpado , se ele existe só podemos ser nós: porque muito simplesmente deixamos de acreditar no que fez do Ocidente, o que ele é hoje.

P.S.: Tambem publicado aqui.

3 comentários:

Tiago Freitas disse...

concordo ...deve e têm de haver diferenças entre as sociedades...religiões, sexos, crenças...a massificação total e globalização da sociedade farão com que desaparecem vestigios civilizacionais importantissimos!!

BSC disse...

Meu caro Rodrigo, de uma forma diferente, colocas uma pergunta que foi feita há uns anos por Karl Popper. Nas sociedades abertas (como a nossa) há verdadeiramente a liberdade para sermos livres?

Ou, para respeitarmos a liberdade de outros (no caso dos grupos árabes radicais, que nas nossas sociedades são livres de dizer «to hell with freedom») restringimos a nossa propria liberdade de expressão (caso dos cartoons, das peças de teatro banidas e, agora, do humor)?

São precedentes graves estes, porque significam que é o mundo livre a guiar-se por padrões do mais puro fundamentalismo e a submeter-se a eles. SE vai dar bom resultado? Não vai. Se significará a nossa "queda", não sei.

Rodrigo Lobo d'Ávila disse...

Cara Beatriz:

Como é óbvio, isto não passa dum exercício de especulação. No entanto, como tu bem sabes, todas as civilizações tem as suas pedras basilares, sobre o qual toda a sociedade se constrói. Os gregos era a democracia, os romanos era o sentido de dever e disciplina, as sociedades feudais na vassalagem para com o superior social. Todas estas sociedades (, quando perderam estes "valores" ou "características" começaram a caír, por não terem coesão para resistir ás varias ameaças externas e msm internas. A pedra basilar onde assenta a sociedade moderna ocidental, é a liberdade individual e de expressão. Se essa fundação começa a ruir, extrapolo que todo o edifício pode vir com ele. No entanto como é óbvio não sou futurologista. Não tenho certezas. Se foi essa a mensagem que passou no texto, foi sem intenção. Até porque ainda estamos demasiado perto do "quadro" para o ver todo. :)