O rompimento dos contratos com a Goldman Sachs, revelado por António Borges na sua entrevista ao Público, é bastante preocupante: é revelador dum estado, cada vez mais castrador da vida económica, e que avalia os seus parceiros negocias pela quantidade de “graxa” que estes dão ao poder político. Mais preocupante ainda é a reacção nacional á noticia: total e aparente indiferença, acompanhada por uma geral satisfação interior, não manifestada, em quase todo o espectro politico. A esquerda, mesmo aquela que se diz “moderna”, mas que continua com todos os fantasmas e tiques do passado, não consegue deixar de escapar aquele sorrisinho malandro, por o “Estado”, esse deus dos tempos modernos, ter dado uma cacetada, ainda que ilegítima aos malvados “Porcos Fascisto-burgueses” defensores do capitalismo e da exploração do homem pelo homem. Já a direita, salazarenta, herdeira do antigo regime, muito apreciadora do “respeitinho”, e com um certo horror moralizador ao dinheiro, olha sempre com desconfiança para os sectores da sociedade influentes que não os do estado. Logo esta direita, que se encontra ainda entranhada no PSD e no CDS, não consegue deixar de respirar de alivio quando o estado, qual D. João II, apunha-la algum malvado “duque de Viseu empresarial”, cujo o poder e influencia, era até aí demasiado grande, podendo mesmo ameaçar a segurança do “reino”.
Nisto a direita e a esquerda portuguesas são iguais: ambas adoram o Estado, como uma instituição sagrada, isenta, acima de qualquer suspeita e protectora do homem comum contra os interesses privados dos “poderosos”.
Esquecem-se estes senhores que o estado não é nenhuma instituição esotérica. O estado são as pessoas que o controlam e que o usam em benesse, espantem-se meus caros , dos seus interesses PRIVADOS; Interesses da “PSD Lda” ou do “PS SA”, que se aproveitam da influencia do estado, para estabelecer as suas próprias regras nesse gigante jogo do monopólio que é o mercado. Esta é a razão, pela qual nenhum dos partidos acabará com a influencia asfixiadora do estado na economia, porque é raríssimo o politico que abdica voluntariamente de poder, sem a isso ser forçado.
No inicio do século XVII, Luís XIV, vitorioso sobre as varias nações europeias, e com a nobreza e parlamento francês derrotados e humilhados a seus pés dizia orgulhosamente "L'État c'est moi". Hoje os Sócrates, os Pina Mouras, os Varas, os Menezes e os Ribaus Esteves deste país, com a sociedade civil, e o empreendedorismo amordaçados a seus pés dizem: "L'état c'est nous".