segunda-feira, 3 de março de 2008

Hillary Clinton - ninguém chora por negócios



Parece-me adequado começar (agora a sério) a minha participação neste BLOG com um texto sobre as eleições americanas e sobre uma candidata de quem eu não gosto, sobretudo na véspera das primárias no Texas e no Ohio, depois de uma semana de dramatização. Podem começar já a a apontar o dedo à tradicional falta de solidariedade feminina, mas a verdade é que a senhora Clinton não apenas não me engana, como não me convence!

Para começar irrita-me que um candidato faça tema de campanha de uma condição pessoal: ser mulher, ser preto, ser deficiente ou ser gay, por exemplo. Estas são condições que nada tiram ou acrescentam à capacidade política de cada um e, embora eu seja defensora da participação das mulheres na política (that's why), não acho que representemos uma classe ou uma forma diferente de estar. Pensamos,eventualmente, de forma diferente, temos uma atitude distinta, vestimos fatos menos cinzentos e usamos saltos altos, mas fazemos escolhas, decidimos e governamos, tal e qual um homem! Mas Hillary quer conquistar votas por via da fragilidade da condição feminina. Por isso gosta tanto de dizer e de mostrar que é "mulher", como se isso não fosse uma evidência. Por isso, também, chora, como se as lágrimas fossem um exclusivo da condição feminina e como se ela alguma vez na vida tivesse sido do tipo frágil ou emocional! Enfim, Hillary apela ao mais básico da condição de mulher, aos clichés e aos chavões, e isso, como mulher, irrita-me sobremaneira!

Acresce que a Senhora Clinton acha que é a salvadora do mundo e ao mesmo tempo posa para as câmaras como a primeira das injustiçadas. Sabe que nada melhor que o sentimento para convencer os tolos e abusa da demagogia. Fala no seu projecto para a América, mas não perde tempo a ouvir o que outros lhe podem ensinar. Olha sobranceiramente para os rivais como se o simples facto de ser "Hillary Clinton" lhe garantisse a eleição. Isto para não falar do papel ridículo que deixou ao outrora Presidente, agora convertido num dócil cãozinho de colo, melhor dizendo, num pacato e sorridente Primeiro Marido!

Enfim, Hillary Clinton irrita-me! E muito. E é pena, porque seria interessante ver os Estados Unidos, país tão conservador na sua alma como sedento de histórias picantes das celebridades, eleger uma mulher Presidente. Mas não esta, que não é uma mulher, mas apenas uma "mulherzinha".

2 comentários:

DM em Caracas disse...

Hiii! A BSC e eu a concordarmos no que toca a política Americana...
Espera, tenho que ir ler mais uns discursos da senhora para ver se lhe encontro alguma coisa de jeito para passar a gostar dela...

BSC disse...

Ai Di, isso faz com que um de nós esteja MUIIIIIITO doente... ok, não te preocupes que devo ser eu ;)