Tal como o Século marcou a geração dos meus pais e dos meus avós, o Público, que hoje faz 18 anos, marcou a minha. Lembro-me de ser eu um mero catraio, e de ouvir o meu pai (um senhor de tal maneira conservador e reaccionário que faz com que o Cardeal Richelieu parece um liberal), vociferar acerca do Público, afirmando que se tratava “dum jornal de esquerda, reles e completamente tendencioso, ao qual se recusava a dar dinheiro”. É escusado dizer que acabava sempre por o comprar . Isto é que torna grande o publico: é que tanto o PÚBLICO de esquerda, como o Público neo-liberal sempre prezaram acima de tudo a independência, a liberdade, e o jornalismo de qualidade.
Lembro-me também de ver o meu pai a ler o publico (ao mesmo tempo que resmungava contra o tendenciosismo do jornal), aguardando impacientemente que o acabasse. Mal o meu pai o largava, eu agarrava-o saltando directamente para a ultima pagina, para ler a genial e para todas as idades, BD do Calvin & Hobes. Pouco mais tarde comecei também a aventurar-me para o interior do jornal tornando-me leitor assíduo, (com bastante esforço confesso) de entre outros, Eduardo Prado Coelho e de Vasco Pulido Valente (esses senhores que diziam coisas tão complicadas mas tão interessantes).
É por estas e por outras que estou grato ao Público, tanto ao da nova esquerda como ao do Neo-liberalismo. Ambos com a sua independência e qualidade ensinaram-me a exigir e devorar a informação, a que como cidadão de uma Republica livre e democrática tenho direito.
É por isso que hoje á noite, quando finalmente chegar a casa vou-me sentar no sofá, e não sem um pouco de nostalgia, vou pegar no Público de hoje (que como é obvio, sendo o editor de hoje JPP, é um bruto calhamaço) começando como sempre pela última página, não para ler Calvin & Hobes (lerei logo de seguida, estejam descansados), mas para ler Rui Tavares, esse esquerdista faccioso e insuportável, mas que faço sempre questão de ler.
Parabéns Público!!!
8 comentários:
Parabéns Público!
Consegui recuar bastantes anos ao ler o teu Post. E agradeço-te por estes momentos nostálgicos. De facto, o Público marcou uma geração (assim como o Século e o Independente) com uma nova forma Jornalismo. Não sei se é o Jornal com maior indíce de vendas, mas também confesso que não me interessa. É o Jornal que compro diáriamente, venda muito ou pouco.
Tamém sou vitima do sindrome de iniciar a leitura pela última página, mesmo sem Calvin & Hobes.
Parabéns Público!
O independente marcou a minha geração!!pena que tenha acabado, o fabuloso caderno 3 depois viva, era uma revista visionária e critica,o jorñal sempre polémico e com brilhantes directores,o público já nao me marcou tanto, mas merece os meus parabéns!
Curiosamente vinha aqui lembrar «O Independente», esse sim um jornal que marcou e formou toda uma geração, e não é que o outro “velho” já veio aqui lembrar, e muito bem, esse mítico jornal com o qual a nossa geração cresceu???
De facto há diferenças geracionais que já se notam, e as pessoas mais velhas não encontram no «Publico» nada que não tenhamos visto antes, melhor e mais polémico, no Indy!
O Caderno 3 de que fala o Tiago era um auge! Em 88 falar de cultura, de fotografia e de cinema como o Caderno 3 falava era assombroso, e ter as crónicas da Agustina, do Carlos Quevedo, da Maria Filomena Mónica e do inesquecível MEC dos velhos tempos, com quem aprendi a gostar de ler jornais e cujos livros de crónicas devorava avidamente, era um luxo que poucos podiam ter!
Enfim, o Indy criou uma cultura diferente no jornalismo que permitiu nascerem várias publicações que ainda hoje consideramos de vanguarda mas que não fazem mais do que copiar o que de muito bom se fez no Indy!
Mas naturalmente a maior parte de vcs nasceu com o Indy e na idade em que começaram a ler já este tinha entrado na sua longa e dolorosa decadência!
será que alguem se lembra da revista K do MEC...Optima
Eu!!!!!!!!!! EU AMO O MEC!!!!!!! Não me digas que tb és fã??????
Lol. Lamento mas a unica coisa que me lembro de ler do Independente eram as BDs do Tintim, que ainda guardo religiosamente.
Olha o Lenine a chamar-nos "velhos"... MENINO!!!!
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