quarta-feira, 12 de março de 2008

Película 001

No seguimento do projecto Circuito Cinema (http://www.circuitocinema.blogspot.com/), promovido por estudantes da Academia do Porto, rodou hoje no emblemático cinema Passos Manoel no Porto, uma obra prima do film noir, Touch of Evil, de Orson Welles.
Numa sala a abarrotar de gente, tal película foi apresentada, precedida da apresentação da iniciativa, pelo coordenador, Joaquim Guilherme (aluno da FDUP), onde critica o encerramento de infra-estruturas emblemáticas que outrora, serviram de salas de cinema, bem como, a ausência de oferta de filmes anteriores à década de 90.

Touch of Evil, A Sede do Mal, uma história passional de corrupção e consciência, passada nos bares de strip-tease e móteis de uma cidade situada na fronteira entre o México e os Estados Unidos da América, como o honrado oficial da brigada de narcóticos mexicana Charlton Heston (Miguel Vargas) e o degenerado polícia americano Orson Welles (Hank Quinlan) a desentenderem-se por causa de um homicídio cuja jurisdição é disputada e indefinida e, Janet Leigh (Susan) a transformar-se num joguete aterrorizado neste braço de ferro.
Envolto numa atmosfera sinistra, esta longa metragem "mergulha" na noite movimentada, enquanto Miguel Vargas e a sua esposa americana, Susan, atravessam a fronteira mexicana para os Estados Unidos da América. Um homem não identificável põe uma bomba num descapotável, os peões circulam, a acompanhante ordinária do condutor queixa-se de que "sente um tique-taque estranho na cabeça", os recém-casados e um guarda fronteiriço conversam até que, o carro esplode.
O chefe de polícia, Quilan, desloca-se do lado americano da fronteira para orientar a investigação, enquanto Susan cai numa cilada armada pelos traficantes de droga cujo "negócio" Vargas tem tentado destruir.
Para impedir que Vargas o denuncie como criminoso, Quinlan manda sequestrar Susan e drogá-la. O segundo apresenta-se numa figura "inchada" que o abuso de poder transformou num monstro. Mas, a personagem mais tocante é a figura trágicas, tardiamente enobrecida, do dedicado "lacaio" de Quinlan, Pete Menzies.
Num filme de 1958, ainda a preto e branco, econtramos bastantes analogias com problemas que persistem nas sociedades contemporâneas em geral, na sociedade portuguesa em particular.
Questões como a corrupção entre as forças de segurança e ordem públicas, e o seu alastramento a órgãos jurisdicionais; ou ainda, o uso ou não de escutas telefónicas como meio de prova incriminador em matéria penal, são questões que Welles aborda em Touch of Evil e que, merecem uma clara reflexão por todos.

4 comentários:

Tiago Freitas disse...

estive lá ! uma iniciativa a continuar

Rodrigo Lobo d'Ávila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Lobo d'Ávila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Lobo d'Ávila disse...

Uma pequena curiosidade á cerca deste grande filme: Wells olhava para este filme um pouco como Kubrick olhava para “Spartacus”. Em ambos os filmes houve grande interferência por parte dos estúdios (Universal), de modo a tornar ambos mais comercialmente viáveis, levando a que a visão do realizador não fosse respeitada. Devido a isto Wells sempre manteve um certo ódio a este filme. Claro que por isto “Touch of Evil”, não deixa de ser um grande filme da idade de ouro do cinema. No entanto se quizerem conhecer Wells no seu estado “puro” aconselho a ver, por exemplo “Citizane Kane”.