sexta-feira, 14 de março de 2008

Is our freedom in jeopardy???

Muito curioso que o Rodrigo aqui fale da questão dos piercings na língua, porque hoje, ao ler esta notícia, pensei: «tenho que blogar sobre isso»! Mas o meu dia não foi propriamente fácil e só agora tenho o "vagar" (adoro estas expressões castiças) para escrever umas linhas sobre o tema.

Pois bem, em primeiro lugar, tenho a dizer que acho os piercings na língua uma coisa medonha, inestética e desagradável (para além de imaginar que sejam incómodos), mas isso não me faz querer proibi-los! Cada um tem o direito de fazer o que entender com a sua língua (desde que seja maior de idade, esteja na posse plena das suas faculdades e não a use para cometer um crime). Este é o mais elementar princípio de um estado de direito democrático que respeita as liberdades individuais.

Podem dizer-me que esse Estado deve assegurar que os cidadãos não corram riscos desnecessários (daí eu não dizer uma palavra quanto ao resto do conteúdo da proposta, que aprovo e aplaudo) mas não me podem dizer que este tem qualquer obrigação de evitar que os cidadãos façam mal a si mesmos (partindo do principio que o piercing na língua é mais "perigoso" que outros piercings que continuam a ser autorizados). Essa é a razão pela qual não é púnivel o suicídio, por exemplo, uma vez que a autoridade do Estado (ius imperii) e o seu monopólio da força apenas se justifica para regular as relações entre indivíduos não tendo cabimento, portanto, na relação individual que cada um de nós tem consigo mesmo (isto agora soou uma nadinha esquizofrénico, mas adiante!)

Porém o PS, guardião da moral e da higiene públicas, decidiu que o piercing na língua, tal como a colher de pau, é um perigo público e vai de o proibir. Em si, isto não é grave, apenas mais uma idiossincrazia socrática. Porém se juntarmos os piercings às colheres de pau, à inspecção sistemática, pela ASAE a tudo quanto é estabelecimento, ao controlo de quem participa em manifestações e greves, às novas regras da lei de controlo do tráfego telefónico, à obrigação dos partidos políticos entregarem a lista nominal dos seus militantes (com todos os seus dados) ao TC e à acumulação de poderes no PM no que se refere aos serviços de informação, temos o caldinho para um sistema controleiro e repressivo incompatível com a democracia.

Não vou dizer que o Sócrates é fascista (como a esquerda gosta de chamar às pessoas que têm pouco respeito pela liberdade e pela diferença) mas que o senhor e o seu governo se estão a revelar altamente controladores, manipuladores e castradores das liberades, isso não há dúvida!

1 comentário:

José Miguel Guimarães disse...

e castradores dos cãezinhos...coitado do rottweiler..