Este blog está muito calmo. Uma verdadeira e angelical paz do senhor. Só que eu não gosto de paz nem de anjos e portanto resolvi escrever sobre um tema que, espero eu, tenha o mesmo efeito que teria a entrada de um tipo com a cara do outro senhor, estampada na t-shirt, na festa do avante. Portanto “Cry Havoc and let slip the hounds of war!!” Ou antes, não “slipa” nada porque agora (graças á “lucidez” do “Eng.” Sócrates) os canitos vão ficar todos maricas. Ter uns canzarrões, para depois eles abrirem a boca e parecerem uns chihuahuas (Josés Castelo Branco dos Canis lupus familiaris)? Mais vale não ter cão nenhum. Já diz o povo: “Para pouca saúde mais vale nenhuma”
Venho hoje falar-vos (se é que alguém está disposto a ouvir-me) das directas e dos efeitos que estas tiveram nos partidos da direita portuguesa. Foram aclamadas como o maior avanço da democracia desde tempos imemoriais: acabaria com os “baronatos” dentro dos partidos e daria a possibilidade aos militantes base de escolher o seu líder. Com isto acabaram os congressos como nós os conhecíamos: os congressos em que a disputa da liderança possibilitava a um feroz debate de ideias; os congressos em que um militante base podia intervir, da mesma maneira que intervinham os candidatos á liderança, gerando um empowerment que conferia estrutura e musculo ao partido. Depois das directas, o congresso, passou a tratar-se duma mera formalidade, em que nenhuma ideia surge: uma aclamação do líder, no qual muito pouca gente se afasta da corrente do "Uni-Pensamento".
Desta maneira os partidos ficam mutilados á partida; sem o debate interno que possibilitava a definição do caminho que o partido e o líder deveriam traçar, toda a organização vira-se para o segundo á espera que ele defina toda uma doutrina, ideologia e programa politico. Ora como os líderes partidários não podem fazer consigo mesmo o debate necessário, sob a pena de se tornarem esquizofrénicos, restam-lhes muito poucos caminhos: primeiro renovam ambos a imagem e os símbolos do partido, enquanto vão clamando que a nova imagem representa um partido novo, que esse sim vai ganhar as eleições. A partir daqui há duas opções: no caso do glorioso PPD\PSD, transforma-se o partido numa espécie de Circo Cardinal, e faz-se uma “tour” da carne assado pelo país até 2009; neste caso a oposição feita ao governo limitam-se a acções de circunstância, dando a parecer que o PSD aspira a ser em tudo igual ao PS, excepto na cor. Já o CDS-PP que galopa entusiasticamente para a glória eterna (ao bom e velho estilo da Light Brigade), utiliza uma estratégia ligeiramente diferente: copia quase toda a performance dum partido estrangeiro que esteja na moda (geralmente os Tories), sem se preocuparem se esta é aplicável á realidade nacional, nunca aprofundando demasiado as questões, que esta levante. Deve-se dizer, honra seja feita ao CDS e a Paulo Portas, que a oposição feita por este ao engenheiro Sócrates seja bastante mais credível e eficaz que a dos seus compinchas um pouco mais á esquerda. O único problema é que todos os simpatizantes que CDS ganha na assembleia da república, perde-os na capa do Expresso, ou do Público.
Este é o quadro da direita portuguesa: uma direita velha, esquizofrénica e desacreditada á qual não surgem alternativas (não me venham falar do PND nem do MEP). Uma direita que não consegue ser alternativa ao governo. Uma direita inactiva que espera que o PS caia de podre, para depois calmamente o substituir. Meus caros podem esperar sentados.
Neste fim-de-semana falou-se do quão ridículo foi o comício de Sócrates no Porto; que demonstrava a fraqueza e impopularidade do actual do PS. Concordo, mas no entanto o estado da direita é tal, que este PS fraco, fragilizado, incompetente e medíocre é quanto baste para ganhar as eleições em 2009.
7 comentários:
Concordo inteiramente contigo...nao acho, no entanto, que o problema fundamental sejam as directas..também nao ajudam, isso é certo! Mas o que é de facto preocupante é a falta de gente de qualidade e politicamente activa na Direita. O exemplo mais fácil é pegando no próprio Paulo Portas...Tenho uma grande admiração por Portas, acho que é uma político brilhante...mas a sua imagem está mais que gasta na sociedade portuguesa..já ninguém vai à bola com Paulo Portas, e os votos que o CDS ganharia com a situaçao actual do País (PS em queda, PSD inexistente) perde por ter a frente o 'Paulinho das feiras', que infelizmente já não convence ninguém. Mas a questão põe-se....se não estiver ele à frente do partido, quem é que daria um bom líder?? Que alternativas temos?? Sinceramente não sei...
Tenho de facto que concordar contigo Miguel, a introdução de directas tirou debate e interesse aos congressos e em relação a Paulo Portas a minha opinião é clara, isto é se o CDS não tivesse apostado nele outra vez estariamos decerto bem pior e alternativas existem, mas é cedo para falar nisso
Claro que não faz sentido falar em alternativas a Paulo Portas; nem eu fiz isso (até porque essa discussão teria que ser iniciada por uma pessoa que se assumisse-se como a alternativa). Apenas me referi ao processo como ele subiu ao poder, que na minha opinião teve consequências negativas para o partido.
Rodrigo
Gostava de saber quais as consequências negativas? A saber a CPN do Partido tem muita gente nova com uma mentalidade nova do que é ser de Direita hoje!
Claro que Paulo Portas tem a imagem um pouco gasta, mas quem não tem hoje em dia no espectro politico nacional?
Claro que a CPN do CDS tem muita gente bem pensante. No entanto se tivessem subido ao poder directamente por congresso, toda a base das suas ideias, teriam sido discutidas por muitos dos militantes base do partido, levando a que estes se revissem mais nestas. Por outro lado o facto de o congresso não estar decidido levaria a que surgissem, quem sabe, melhores ideias dado que haveria uma oposição real que teria que ser derrotada. Para concluir o congresso, ao por ao mesmo nível um militante base e os membros da CPN, dá um empowerment ás bases que leva a que estas se revejam mais no partido e lhes dêem estruturas.
P.S.: Quando eu falo no comment atrás, do “processo como ele (Portas) subiu ao poder”, estou-me a referir única e exclusivamente ás directas, e não a qualquer acontecimento que as tenha antecedido.
As directas são, bem vistas as coisas e depois de as ter experimentado, um disparate.
Enviar um comentário